quinta-feira, 14 de maio de 2015

Lamento de um pássaro urbano

Sou urbano
sou pássaro urbano
não é o que eu queria ser, mas sou
fui me adaptando

visito a Maria, o João e até a Izabel
respiro cimento
pó de rua e até um pouco de oxigênio
Respiro de tudo
e vou por aí
Ainda respirando

Sinto falta dos rios
dos rios limpos
dos ribeirões forte e dos riachos
ah. os riachos que lindos!
vou me virando, e entre um esgoto e um cano quebrado
mato a minha sede bebendo de tudo.
as vezes até um pouco de água

Choro com Marias, Joãos e tantas izabeles
Sou agora urbano
fui obrigado a ser,

Readaptei meu canto
agora melodia silenciada
Não apreciada
As vezes  gravada
Eu, agora, especie rara
Que sem opção ficou urbano

A função de sementeiro
Agora não mais importa
Arroz que sobra pra mim
é arroz que não tem a sorte
de ser ao menos um pouco
vivo no mundo urbano

As vezes em algum asfalto
ou rua mal feita, na terra que ainda resta
o milho, brota e com isso, representa seus pares
Nasce
E para surpreender
a quem duvida de sua sorte
Pendoa.

E assim como eu ele vive
uma  curta vida de urbano.